Um portal mágico para construir o que você quiser
Estava lendo hoje um artigo da Wired sobre a história de Marcus Hutchins, white hacker e pesquisador de segurança da informação que em 2017 derrotou o WannaCry — à época, e até hoje, uma das pragas digitais mais perigosas que já existiu. Se você ainda não leu o artigo, recomendo: poucos meses depois de ter salvo o mundo digital, ele foi preso pelo FBI.
Enquanto o artigo contava a infância de Marcus, esse trecho me chamou a atenção:
Hutchins had begun to be curious about the inscrutable HTML characters behind the websites he visited, and was coding rudimentary “Hello world” scripts in Basic. He soon came to see programming as “a gateway to build whatever you wanted,” as he puts it, far more exciting than even the wooden forts and catapults he built with his brother. “There were no limits,” he says.
Porque eu, assim como ele, desde criança, sempre fui muito curioso.
Quando eu era pequeno, brincava muito com Playmobil. Na minha imaginação construí cidades com carros, cavalos, polícia e outras coisas, meus mundos alternativos, meus faz-de-conta.
Mas por volta desta mesma época, também me acostumei a ver meus pais programarem em Clipper, usando bancos de dados criados em dBase III+. Tudo isso num PC XT, de onde vocês podem imaginar a minha idade aproximada.
Meus pais, também movidos pela curiosidade, chegaram a desenvolver programas que vendiam para empresas da cidade, entre elas despachantes que usavam software escrito por eles para imprimir as (agora ultrapassadas) guias laranjas de IPVA em impressoras matriciais de 80 colunas alimentadas com formulário contínuo.
A partir disso foi que comecei a pensar que, se eu aprendesse a programar, poderia construir o que quisesse — a imaginação seria o limite, tal qual quando eu brincava de Playmobil e criava meus mundos próprios. Programar seria um portal mágico para construir o que eu quisesse. Tal como pensou o pequeno Marcus Hutchins em sua infância.
E por conta dessa observação que eu fazia do que meus pais faziam foi que eu comecei a programar. Foi em BASIC, usando o manual que veio com o Hotbit que meus pais compraram na Mesbla, algum tempo depois, pra usarmos em casa.