Interessante como foi só eu começar a estudar japonês e já cruzei com um termo interessante — e inexistente em outros idiomas, graças a um artigo da Open Culture de julho de 2014 que alguém postou na timeline local da instância do Mastodon em que eu estou, essa semana.

Me identifiquei na hora — e não apenas por conta da palavra que existe só em japonês, 積ん読, ou tsundoku, como no título deste post — porque sou um acumulador de livros confesso, tanto que tenho uma camiseta com a seguinte citação, que dizem ser atribuída ao escritor americano Daniel Handler, que também atende pelo pen name de Lemony Snicket:

“It is likely I will die next to a pile of things I was meaning to read.”
Lemony Snicket

É de fato provável que eu seja encontrado morto próximo de uma pilha de coisas que eu pretendia ler. Frase que ilustra com perfeição o termo tsundoku, que, afinal de contas, representa o ato de comprar livros e deixá-los acumular em pilhas, sem que tenham sido lidos.

A palavra, pelo menos de acordo com o artigo, data do começo da era moderna japonesa, chamada de era Meiji (1868-1912). Tsundoku, que em tradução literal significa pilha de leitura, e se escreve 積ん読Tsunde oku significa deixar algo formar uma pilha, sendo escrito como 積んでおく. Alguém na virada do século parece ter trocado oku (おく) em tsunde oku por doku () – que significa ler. E como — ainda de acordo com o texto do artigo — tsunde doku é difícil de dizer, a palavra foi mexida para formar tsundoku.

Se a história da formação da palavra é real ou não, o que ela representa não deixa de ser verdade. Mesmo no meu caso específico, em que as pilhas se formam mesmo através dos arquivos de e-books que eu tenho armazenados no meu Kindle e no Bookfusion.